domingo, 26 de junho de 2011

Nunca largue do guidão !


Eram cinco, andavam a mais ou menos entre 40 e 50 km por hora, suas bicicletas voavam sentido ao conjunto dos metalúrgicos, onde uma locadora de vídeos alugava uma mesa com um videogame, por hora.  A maioria era pobre demais para ter seu próprio videogame.  Jogavam Street Fighter e Mortal Kombat até enjoar, e depois seguiam sentido rodoanel, para uma ladeira no bairro da Granja Viana, antes do km 21 da Raposo Tavares que era conhecida como “Vai pro céu”.

Na parte de cima da ladeira, paravam antes de descer. Olhar para baixo e sentir um frio na barriga era comum, porém nada parecia assustar aquelas crianças, que desciam rente aos carros, agora em uma velocidade descomunal.  A única diferença é que, diferente de outros ciclistas, largavam o guidão, com exceção de um, esse, sempre considerado o mais medroso da turma.

Se ninguém caia, um prêmio para todos, uma tubaína, rachada dos trocados que conseguiam arrumar vendendo garrafas dos vizinhos para o homem da reciclagem.  Antes de ir embora uma parada ao por do sol do barranco, onde ninguém ousava falar. Eram felizes naquele momento, naquele universo resumido e cheio de uma beleza simples, de valor inestimável.

O tempo passou, e a galera das bikes começou a dispersar. Um se envolveu com o crime organizado, começou a roubar carros e vender drogas.  Ainda conversava com o resto da galera, que tentava convencê-lo a parar, o que era inútil... com o tempo sua identidade se perdeu e mal se lembrava que um dia foi da turma. Morreu em um tiroteio com policiais, fugindo de uma loja de jóias.

Um segundo mudou-se para o litoral de São Paulo, montou um negócio de roupas de surf e começou a ganhar muito dinheiro. Sua marca cresceu e chegou até a pensar na possibilidade de exportar, mas com a pirataria, começou a perder clientes, não conseguiu pagar suas dívidas e faliu. Quando sua mulher o deixou, ficou com problemas psicológicos e desapareceu.
Um dia, após muita procura um dos amigos da turma, junto com alguns familiares o encontraram em um hospício no interior de São Paulo. Estava irreconhecível, e segundo os médicos, seria muito difícil voltar a ser á pessoa que era.

O terceiro continuou na vila, trabalhava de segunda a domingo, arrumou uma namorada aos 17 e teve dois filhos. Com as dificuldades, teve de largar a escola pra se dedicar ao trabalho e com o tempo, e mais um descuido, veio o terceiro filho.  Alguns vizinhos diziam que era infeliz, que tinha uma mulher que não ajudava muito, que não conseguia juntar dinheiro suficiente porque pagava aluguel, e se queixava da vida constantemente.  Não se importava em rever velhos amigos, e acabou no esquecimento. Que fique claro que não era má pessoa, mas tornou- se azedo, por não pensar em uma vida em longo prazo, coisa muito comum de se acontecer hoje em dia. De vez em quando via um amigo dos tempos de bike, acenava e continuava andando. Era como se um daqueles garotos nunca tivesse existido, e no fim não existia mais mesmo.

O quarto, que era o líder da turma, mudou-se para um bairro vizinho e virou policial militar. Apesar de ter um salário relativamente bom, vivia com medo e nunca dizia aos outros qual era sua profissão, pois tinha receio das retaliações dos bandidos. Com o tempo a neurose aumentava, e tinha de mudar de casa a cada dois anos para se sentir seguro. Tentou engravidar a esposa e descobriu-se estéril. Apesar das intempéries acabou adotando um garoto de rua, que tinha como filho. Um dia um dos amigos tentou contato e não conseguiu, disseram que ele pedira transferência para outro estado, assim ficando cada vez mais longe e inacessível.

E chegamos finalmente ao medroso... aquele que não largava o guidão.

Esse terminou o segundo grau e fez um curso de radiologia, casou, mas quando percebeu o erro remediou e separou-se ainda sem filhos. Trabalhava e estudava a maior parte do tempo, viajou para quase todos os estados do Brasil, ia a todos os shows de rock que podia ir e curtia a vida como se fosse sempre o ultimo dia. Voltou a fazer faculdade, dessa vez a que queria, e conheceu muitas pessoas. Tinha um trabalho estável, e estava sempre sorrindo. Podemos dizer que de todos os da turma da bike, era o mais feliz.

 Hoje esse cara saiu de casa de bicicleta, e meio desajeitado, riu de si mesmo por não praticar aquilo há tanto tempo.  Andou por vários lugares, passou o barranco do por do sol, e finalmente chegou à ladeira do “Vai pro céu”. Olhou para baixo e sentiu o velho frio na barriga.  Apesar de ter crescido, ainda sentia o medo de descer, mas sem pensar muito, desceu sem as mãos, e como sempre no meio do caminho agarrava o guidão, descendo com ele apertado, como se fosse a ultima coisa que pegasse na vida.

  Enquanto descia e sentia o vento bater no rosto, pensava sobre o guidão... aquela parte da  bicicleta  era como um reflexo de sua vida, e todo mundo que descia sem a segurança do guidão, como seus amigos faziam,  acabava se dando mal. Ficou feliz  ao invés de chateado, como ficava quando os amigos o chamavam de covarde, pois dessa vez ele entendeu, que na maioria das vezes , na vida não se deve largar o guidão.

 Não se deve deixar a vida solta como se fosse uma bicicleta sem direção.  Todo passo deve ser pensado e medido, para que no futuro, haja felicidade. Ficou triste pelos amigos, queria que aquela realidade fosse diferente, mas sabia que a vida não era conto de fadas.
Parou no bar que ainda existia e tomou uma tubaína... montou na bike e seguiu em frente, com as duas mãos no guidão. No seu pensamento se achava preparado para qualquer tipo ladeira que aparecesse.

E realmente estava !

Para Ney, Marcio, Alemão e Rosana – Para sempre em nossos corações!

Um  texto  de  Victor  Von  Serran

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Enfim férias !

Todo mundo sabe o quanto é dificil trabalhar e estudar, e quem acompanha o blog, sabe que tenho escrito sobre superação em quase tudo que posto, porque é assim que me sinto, como se tivesse de matar um leão por dia.
A falta de tempo para dormir tem sido uma coisa horrivél na minha vida, nunca senti tanto sono como venho sentindo ultimamente, pois dormir quatro horas e meia por dia para uma pessoa que dormia pelo menos sete horinhas cravadas, é doído gente.
Mas enfim, graças Deus não peguei nenhuma D.P, e agora de férias, tirando uma viagem que pretendo fazer, vou ter tempo para blogar e reencontrar meus parceiros da blogosfera, que acabo demorando a responder, deixando assim um vácuo, que pretendo diminuir. Queria dizer que senti falta de todos, e que se eu ganhasse dinheiro suficiente blogando, pedia as minhas contas e ficava só aqui.

Prometo responder a todas as postagens...abraço a todos !

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Montanha russa

Uma das piores sensações de uma montanha russa, não é ela em si, mas sim o tempo no qual você passa esperando na fila, ainda mais quando é a sua primeira vez.

Só em olhar para aquela estrutura fantástica e extremamente alta, você logo sente aquele frio na barriga, um embrulho no estomago que muitos dizem que está sensação é como ter “borboletas no estomago”, e o que te dá coragem para entrar na fila é a sua beleza, que te atrai e te faz pensar que a emoção será melhor que o medo de enfrentá-la.

Quando você finalmente entra na fila, não tem mais volta, aqueles pré-sentimentos se multiplicam e mais outros são somados, as “borboletas no estomago” aumentam de volume, suas pernas ficam bambas, suas mãos ficam ligeiramente suadas, juntamente com o restante do seu corpo e você sente uma ligeira fraqueza.

A cada vez que os trens desabam pelos trilhos, fazem o chão tremer, e você sente o seu coração desabar assim como o trem, e suas pernas parecem piorar com o tremor no chão.

E então metade da fila percorrida, você se pergunta: “O que eu estou fazendo aqui? Você tenta rir pra disfarçar o nervosismo, mas parece inevitável, mas você acaba rindo de si mesmo por conta da situação.

Mas você segue em frente, pois como disse anteriormente, não tem mais volta, e se você desistir as pessoas irão passar a sua frente, e você não irá descobrir qual seria a emoção de descer em alta velocidade por aqueles trilhos enormes em alta velocidade, não saberá se vai ser bom ou ruim e você pode perder essa grande oportunidade de descobrir.

Finalmente chega a sua vez, desistir não é mais nem uma opção, você sabe o que tem que fazer, mas não quer fazer, por medo, insegurança, mas você está tão emocionalmente abalado, que você age por impulso e não por si mesmo, e embarca no trem sem pensar 2 vezes.

O trem começa a sua subida, a vista La de cima é maravilhosa, e isso até te faz ficar mais calmo, quando o trem começa a descer o seu primeiro impulso é se segurar, mas quando o vendo começa a bater em seu rosto e a velocidade aumenta, você se sente livre, joga os braços pra cima pra aumentar a adrenalina e a sensação de liberdade.

Em questões de segundos, praticamente, o percurso do trem acaba e você nem se lembra mais de todos aqueles sentimentos que antecederam a sua chegada até ali, a adrenalina ainda corre pelo seu sangue, você dá gargalhadas sem mesmo saber o porque, e bate aquela vontade de fazer tudo de novo, por Amor, por prazer de sentir na pele todas aquelas emoções novamente, pois isso é viver, se arriscar, mesmo com a incerteza do que se vai encontrar..........



.......E foi assim que me senti quando disse a ela tudo que eu sentia, me senti como se tivesse acabado de sair de uma Montanha Russa.




Um texto de Junior Ribas, colaborador e blogueiro de primeira !

domingo, 5 de junho de 2011

Superação



Por todo cansaço, todas as horas de sono perdidas
Por todos os kilometros  de pedras que tenho andado
Por não ter tempo de dizer que vivi com prazer uma vida


Por todos os grandes amigos, que não chegaram lá
Pelos dias de gripe em que tive de trabalhar
Pelo sagrado direito que tenho de reivindicar
Por vontade de dizer ao mundo, e ter de calar


Por  todos os dias amargos de frio e de solidão
Por todas as brigas bobas,  que ganhei e perdi
Pelas horas de pé em que fiquei na estação
Por tudo que era raro e belo... e não vi


Por todas as tristezas, por todos os desaforos
Por tudo que não tenho e  sei que mereço
Por toda dor do caminho, por todo o esforço
Eu sei que sou caro, todo dia eu pago esse preço


Por todos os minutos, horas,dias e meses
Por tudo que somos forçados a engolir,
Por todos os maus tratos as humilhações
Por todos os pais...por todas as mães


Por tudo nesta terra que não tem explicação
Por tudo neste mundo que não é razão...
Todos juntos unidos em uma só voz
Sim todos juntos...

Todos nós


Estou junto vibrando com sua emoção
Sou a força que move o seu coração
Talves um dia você esqueça meu nome
Mas vou te lembrar

Sou superação!




De:   Victor Von Serran