sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A Parábola da Batalha Espiritual



Dois de Janeiro era só mais um dia na Mallone e Associados. Ninguém queria trabalhar um dia depois do ano novo, mas devido a um e-mail que todos receberam na véspera de natal, os funcionários compareceram em peso.


A mensagem dizia que uma noticia importante seria dada, e que todos estivessem presentes. No ano passado, três pessoas do escritório foram promovidas nesta época, e a expectativa era grande com a saída de alguns funcionários. O boato era que existia apenas uma vaga.


Eram em 14 auxiliares, todos ex estagiários, esperando sua oportunidade. Ninguém ousou faltar. O silêncio reinava, todos apreensivos e preocupados, pois sabiam que aquele dia, poderia ser decisivo em suas carreiras.


Apesar de a maioria não saber realmente se alguém seria promovido, todo escritório tem suas indicações, e apenas seis, estavam cotados para alguma possível promoção.


Glória dos Anjos, evangélica ardorosa, trouxe a bíblia nesse dia. Em horários alternados fazia suas orações. Colou o Salmo 91 atrás do computador, para que espantasse um possível mal, que em sua opinião, mais precisamente vinha de Vênus, uma colega que sentava logo a sua frente. Naquele dia, um bom dia (seco), e uma dúvida sobre troca de notas, foi o máximo que conversaram.


Venus era praticante de Wicca e Glória abominava tais práticas. Naquele dia, jogou poções em volta de sua mesa, colocou uma árvore de alho na frente do telefone, recitando palavras em hebraico da kaballah judaica. Sabia que na disputa de poder, Glória não teria chance. Porém ainda existia uma pessoa que em sua opinião, poderia lhe tirar a vaga, Era o Evaldo, que sentava próximo ao bebedouro. Notadamente um bruxo, porque ela conhecia quem tinha essa vocação, e somente um bruxo pode descartar outro bruxo. Isso a preocupava.


Evaldo praticava o Candomblé, e um dia antes, colocou oferendas no mar para aumentar suas chances. Acendeu um incenso no banheiro, tomou um banho de sal grosso, e segurava sua guia toda vez que Vênus o olhava. Uma coisa que irritava profundamente Evaldo era o “Daruma” feito pelo Chirriro, o colega do canto da sala, que o fitava, como se o estivesse repreendendo. Era como se aquele amuleto com cara de gato estivesse vivo, olhando para ele o tempo todo.


 Chirriro era o único budista da empresa. O Daruma É um dos mais antigos e populares amuletos do budismo. Diz à lenda que ele representa um monge que teria passado nove anos meditando sobre uma rocha - o que lhe inutilizou os braços e as pernas. Chirriro acreditava que seus antepassados lutariam para que uma das vagas fosse sua, através do poderoso talismã.


 Quem era confundido como budista, da mesma crença do Chirriro era o Cheng, dos protocolos. Que sentava próximo ao Xerox.


Cheng é Taoísta. No Taoísmo se acredita que a mudança não vem de fora para dentro, e sim de dentro para fora. Arrumou sua mesa para que o Dragão (ki) passasse sobre ela. Essa era sua mais poderosa ferramenta, o Feng Shui, ou seja, a manipulação dos objetos para o direcionamento da energia.

Olhava para Chirriro com desdém, e sabia que aquele boneco vermelho na mesa dele, só iria atrapalhar os fluidos em vez de ajudar. Interrompendo seus pensamentos, Maria de Deus colocou as pastas de cadastros em cima da mesa e desarrumou seu Feng Shui. Cheng, olhando feio, reorganizou a mesa, e voltou ao trabalho.


Maria de Deus era uma católica diferente, não se incomodou com o olhar de Cheng, sabia que a única forma de desbancar todos aqueles concorrentes, seria cantando as músicas do padre Marcelo e beijando seu crucifixo de 10 em 10 minutos. Fez uma promessa, que se ganhasse a vaga, andaria de joelhos mil metros antes da imagem de Aparecida em um dia de peregrinação. Estava confiante.


E assim naquele dia, todos se entreolhavam com desconfiança. Era como se o sucesso de um dependesse do fracasso do outro. Em intervalos de minutos, se agarravam a seus objetos de fé, e pediam para que nenhum de seus colegas profissionais passasse a sua frente. Uma verdadeira guerra espiritual era travada, e no invisível, anjos, seres mitológicos, espíritos de antepassados, orixás e todos os tipos de coisas etéreas se degladiavam a pedido de seus seguidores.


No fim do dia, o chefe chamou a todos na sala de reunião. Havia uma tensão no ar. Todos continuavam apreensivos. 


Sabiam que naquele momento seria decidido, quem era espiritualmente mais forte, então levaram em suas mãos os objetos de suas crenças, e apertaram como se fosse a última coisa que pegassem na vida. Entraram na sala, e ao olhar para o dono da empresa, ficaram atentos, ouvindo suas palavras:


- Vocês estão aqui para saber uma noticia muito ruim, e espero que entendam este nosso momento. Nossos empreendimentos e parcerias diminuíram muito no último ano, e devida algumas circunstâncias, eu e meu sócio descobrimos que estamos falídos. Quero que saibam que apesar de decretar falência, garantiremos que alguns de seus direitos básicos sejam mantidos, pelos serviços prestados com afinco, no qual a empresa agradece os anos de dedicação e trabalho.


Eu sinto muito ter de dizer isto, boa sorte a todos na procura de outro emprego... Estão dispensados.


Nesse momento, todos não se olhavam mais com desconfiança, mas sim com um aperto enorme no coração. Ali no meio do escritório alguns começaram a se abraçar e chorar, e todos se confortaram. Alguns tinham anos trabalhando ali. Naquele momento não importava mais quem era quem, e quem era o que, e sim a dor que os unia naquelas horas de abatimento. Todos os anos, empresas vão à falência, mas ninguém esperava que a Mallone fosse uma delas.


 Duas semanas mais tarde, as mesas limpas não deixavam sequer rastro, de que ali, naquele local, fora travado a maior batalha espiritual daquele ano. Todos saíram derrotados. Não existia uma força superior entre as crenças, e apesar daquele momento triste, entenderam, e levariam para sua próxima empreitada profissional o ensinamento que torcer para que todo mundo seja feliz é a melhor maneira de cultivar a sua fé.


Católicos contra protestantes, judeus contra islâmicos, não importa qual a religião ou conflito, mais importante que uma promoção no emprego, são as vidas humanas que são perdidas em vários lugares do mundo, em favor do preconceito e do fanatismo. Nesse ano que agora chegou, que todas as pessoas que entendam o amor, façam ele valer, esquecendo as diferenças e cultivando o que existe de bom em cada coração.


 Que todas as nossas batalhas espirituais tenham um só intuito... construir um ambiente de paz.


“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.”

Albert Einstein

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Ridícula árvore de Natal


Hoje passando pelo centro de Osasco, vi uma linda decoração natalina, dessas de encher os olhos, na praça da prefeitura municipal. Era interessante ver como as crianças que estavam por ali olhavam para aquilo como se fosse a coisa mais espetacular do planeta. Aqueles olhares brilhantes, me levaram a um passado muito distante, onde também era mês de Dezembro.


Morando com três irmãos e minha avó, dois anos após a morte dos meus pais, as condições não eram das melhores. Mesmo assim, minha velha era uma guerreira e nunca faltou nada para comer. Porém, como dizem os titãs, a gente não quer só comida, e acabamos tendo alguns problemas como a falta de roupas, brinquedos e medicamentos, as vezes quando necessário.


Conversei com a velha sobre a possibilidade de uma árvore. Disse que não queria ganhar nada além dela, mas minha velhinha triste, comentou que não teria condições de dar algum presente, quanto mais montar uma árvore de natal. Aquilo me derrubou. 


Mais tarde, cai na real, que aquilo tinha derrubado ela também. Talvez de um jeito pior.


Imagine uma senhora de 54 anos cuidando de quatro netos órfãos com aposentadoria comum por idade. Não precisei de maturidade para entender que ela falava a verdade, mas aquilo não era suficiente na minha cabeça. Chorei escondido. Escondido, porque meninos não choram. Principalmente os orfãos.


 Hoje entendo as jogadas do marketing e da publicidade, e de como é construído um sonho na mente das crianças. Não ter uma árvore de natal para mim, uma criança de nove anos naquela época, era uma coisa insuportável.


Fui então a um terreno baldio perto da minha casa, a ideia era tentar achar alguma coisa que se parecesse com uma árvore decente, para decorar nossa sala cozinha e banheiro (Era uma casa simples de três cômodos). Fiquei horas procurando até que achei uma coisa extraordinária: um pedaço de pinheiro, dos grandes, que bem remodelado poderia resolver o meu problema. 


Peguei o pedaço e levei a casa de uma vizinha japonesa jardineira chamada Massaki. Ela me deu uma lata de óleo, daquelas gigantes que não vendem mais hoje, mas antes, porém, decorou os lados com um papel crepom, e sorriu antes que eu fosse embora. Depois daquele dia nunca mais lutei contra os espinhos assassinos da vizinha japonesa.


Pedi para alguns amigos se poderiam me dar algumas das bolas laminadas que colocavam nas árvores, e de amigo em amigo, consegui trinta e seis de várias cores e tamanhos.


Para fechar com chave de ouro, entrei na casa da senhora Maria Conceição, uma velha chata que furava todas as bolas de meninos que jogavam na rua de cima, incluindo uma minha. Roubei o pisca- pisca da entrada da casa dela. Na minha cabeça, ela me devia pela minha bola, e não fiz nada de errado. Quem não concordar com meu pensamento, tenho a melhor das justificativas. Eu era uma criança. Ponto final.


Juntamos toda a galera e começamos a lavar a tal árvore. Pintamos com o guaxe verde da minha vizinha mais feinha as partes secas, e no final do processo, tínhamos uma legítima Frankenstein das arvores de natal. Meio ridícula para quem tem uma comum, dessas compradas, porém a mais linda das árvores para mim e meus amigos.


Quando cheguei em casa e meus irmãos a viram , seus corações bateram tão forte que por um momento...eu podia ouvir. Minha avó sorriu com aquele famoso olhar (O que será que esse peste aprontou de novo?) mas não me disse nada. Naquele natal ganhamos muitas coisas dos parentes distantes, e parecia que a mágica tinha chegado até mim, era o ano de 2001.


Hoje na minha casa tem uma árvore bem legal, com uma estrela bem grande na ponta, minha filha e meus sobrinhos recebem os presentes do dia 25, embaixo dela. Toda vez que chegamos na época de natal, me vêem essas recordações e sempre me pergunto se muitas crianças do bairro ainda procuram árvores em terrenos baldios.



Já parou para pensar que na sua rua, não só na África ou no Sudão, nem na Palestina, existem pessoas privadas do direito de sonhar? 


Você ajudou alguém do seu bairro esse ano?


Se sim. Obrigado.


Daqui a vinte um anos, alguém vai lembrar de você...eu juro!








Dedico este texto a Ana Cecília Romeu e a meu amigo André Mansim...obrigado por pedir para publicar.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O formigueiro é humano

Outro dia uma senhora desabafou na fila de embarque do trem, sentido Conrinthians-Itaquera: “Esse metrô parece um formigueiro”.

  Para a linguagem popular, “formigueiro humano” é um lugar-comum; para seus milhões de usuários, o metrô de São Paulo é um lugar comum. Para mim, metrô e formigueiro têm mais em comum do que se pensa.

Alguns dias depois desse evento, parei para observar o vai-e-vem na estação Sé. Estava debruçado sobre o parapeito de concreto que circula o vão central. O sol da tarde se pusera; baforadas de vento desciam as escadarias e atravessavam as catracas assaltando os mal-agasalhados. Os radares descreviam uma sexta-feira de trânsito caótico e os termômetros anunciavam uma noite fria. Mas lá embaixo, nos vagões lotados, não havia espaço para o frio. Era horário de pico no formigueiro humano.

Todos os dias, 3,4 milhões de pessoas entram e saem dos vagões do metrô de São Paulo. São passageiros que correm e esbarram uns nos outros. Alguns deles abrem caminho na multidão a cotoveladas e precipitam-se para portas prestes a fechar. Crianças, mãos dadas aos pais, cambaleiam em meio à correnteza de pernas; outros, muito idosos, caminham encurvados na companhia de suas bengalas; alguns, em dupla, combatem o frio se amassando próximos a pilastras onde se lê o aviso: “área de embarque exclusivo para idosos”. Pela organização ou pela desordem: o formigueiro é humano.

Até o criativo Franz Kafka ficaria boquiaberto se presenciasse a metamorfose coletiva do metrô paulista. A certa altura da reflexão, lembrei-me do velho Bertold Brecht e seu clássico poema, “Se os tubarões fossem homens”. Então surgiu a dúvida inevitável: e se as formigas fossem homens?

Se as formigas fossem homens, cavariam imensos túneis, semelhantes aos primitivos formigueiros. A esses túneis dariam o nome de metrô. O metrô seria um importante meio de transporte para as formigas-estudantes, utilizado por algumas formigas-executivas, mas principalmente pelas formigas-operárias.

Se as formigas fossem homens, a tirania matriarcal das formigas-rainha estaria ameaçada. Claro que, por um princípio democrático, alguma delas teria que mandar nas demais. Caberia a essa formiga-governadora determinar quando é a hora de ampliar as linhas de metrô, embora se reconheça que formigas com vocação política pouco o utilizem.

Num gesto de civilidade, possível somente aos homens, as formigas aceitariam educadamente as condições precárias do metrô, apesar das disputas férreas travadas para ocupar os raros assentos vazios (nesse caso, vale até pisotear as patas traseiras de alguma semelhante). Afinal, isso seria compreensível, pois as formigas-operárias, famosas por sua força sobre-humana, carregam bolsas e mochilas pesadíssimas - como as que já se veem pelas estações pesando em ombros humanos.

Se as formigas fossem homens, enfim, raciocinariam. Portanto, teriam sentimentos os pequenos insetos. Algumas formigas, conscientes da própria miséria, fariam do metrô seu sepulcro, lançando-se desesperadas aos trilhos. Por questões de conveniência, algo tipicamente humano, uma voz soaria pelos alto-falantes dos vagões:

- “Paramos para retirada de objeto da linha”.



Um texto de Renan Xavier.
Ilustração : Novais

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ping-Pong no "Histórias de Emilia"

Depois de um maravilhoso 4x4 , fui novamente chamado pela minha amiga Emiliana, para um papo reto, sem medida e frescura, onde os meus camaradas vão poder saber um pouquinho mais de mim. Como sempre convido aos meus amigos de blogosfera para que visitem,  pois o que seria de mim sem vocês, as pessoas maravilhosas que veem aqui e deixam sua contribuição no meu espaço.

Sem mais...obrigado pelos carinhos e visitas frequentes ao Crônicas !
Espero vocês lá na Emiliana !

Segue o link:
 http://historiasdeemilia.blogspot.com/









quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Tempo

O tempo sabe ser bom, o tempo é largo, o tempo é grande, o tempo é generoso, o tempo é farto é sempre abundante em suas entregas:


 Amaina nossas aflições, dilui a tensão dos preocupados, suspende a dor aos torturados, traz a luz aos que vivem nas trevas, o ânimo aos indiferentes, o conforto aos que se lamentam, a alegria aos homens tristes, o consolo aos desamparados, o relaxamento aos que se contorcem, a serenidade aos inquietos, o repouso aos sem sossego, a paz aos intranqüilos, a umidade às almas secas; 


O Tempo satisfaz os apetites moderados, sacia a sede aos sedentos, a fome aos famintos, dá a seiva aos que necessitam dela, é capaz ainda de distrair a todos com seus brinquedos; em tudo ele nos atende, mas as dores da nossa vontade só chegarão ao santo alívio seguindo esta lei inexorável: a obediência absoluta à soberania incontestável do tempo, não se erguendo jamais o gesto neste culto raro; é através da paciência que nos purificamos, em águas mansas é que devemos nos banhar, encharcando nossos corpos de instantes apaziguados, fruindo religiosamente a embriaguez da espera no consumo sem descanso desse fruto universal, inesgotável


Sorve  até a exaustão o caldo contido em cada bago, pois só nesse exercício é que amadurecemos, construindo com disciplina a nossa própria imortalidade, forjando, se formos sábios, um paraíso de brandas fantasias onde teria sido um reino penoso de expectativas e suas dores(..)`




(Trecho de Lavoura Arcaica - o Tempo  – Raduan Nassar)

sábado, 15 de outubro de 2011

Owens


  
Berlim 1936 – 11h36min


Quando entrei no estádio, fiquei pasmo com a quantidade de pessoas, era maravilhoso ver tanta gente, e como atleta, aquilo mexeu comigo de uma forma a qual não conseguia explicar. E mesmo que todos quisessem minha derrota naquele lugar, eu não poderia de forma nenhuma negar a sua beleza.

Vi os braços estendidos, e aquele homem entrar pela lateral. Era pequeno e particularmente feio, comparado a outros brancos que estavam ali, ao ver isso me perguntei qual o motivo para se achar superior a alguém.
Fui até a linha de saída, chequei meus tênis e alonguei. Antes do tiro de partida, as lembranças de Oakville me tomaram, e tão rápido como o disparo, viajei no tempo.

Alabama 1927

Era difícil acompanhar minha mãe, mas toda a vez que conseguíamos um médico, tínhamos de correr para não ficar por ultimo nas filas. Os negros só eram atendidos por negros, e um único médico, que vinha de Ohio uma vez a cada sete meses, respondeu a suas cartas dizendo que poderia me atender, ao passar por Oakville.
Tão logo cumpriu sua promessa, disse a minha mãe:

- Ele tem pneumonia crônica, deve evitar a fadiga, e se alimentar bem. Não será uma pessoa saudável. Sinto muito.

E assim eu pude ver os olhos de minha mãe cheios de lagrimas. Ela sabia que um negro que tivesse condições físicas ruins, não teria muita chance naquela sociedade tão preconceituosa. Acabaria como um mordomo de algum rico fazendeiro, lacaio de casa, ou jardineiro, já que não teria fôlego para trabalhar nos campos de algodão. Com o passar do tempo, comecei a me odiar. Me odiar pela minha incapacidade, pela minha vida tão ingrata, e tão logo via minha mãe saindo para trabalhar, fazia justamente o que o médico me proibia, corria até faltar o fôlego. Quem sabe assim poderia morrer e já não seria mais um fardo para ninguém.

Embora passasse mal constantemente por causa das corridas, não era o bastante para atingir meu objetivo. Comecei a acelerar e correr mais, pensando que uma hora meu corpo não aguentaria até eu conseguir morrer.Mas acontecia justamente o contrario.Comecei a respirar melhor, e ter mais fôlego.

Um dia os cavalos do senhor Stanford passaram a minha frente, e não pude conter a ideia que poderia os ultrapassar. E eu os ultrapassei. Comecei a correr profissionalmente,e de escola em escola, minha fama correu pela cidade. Isso me ajudou a entrar na universidade, e quando vi, era atleta federado e iria para as olimpíadas de Berlim representar os Estados Unidos da América. Era a maior conquista de um negro na história da minha cidade. 
Eu estava muito feliz.

Berlim 1936 – 11h42min

Ao soar o disparo, saímos todos da linha ao mesmo tempo. Eu podia sentir a respiração de meus oponentes. Estávamos muito próximos e éramos todos atletas de altíssima categoria, todos ali tinham um sonho, todos ali passaram dificuldades para chegar a aquele objetivo, e todos lutariam até o fim para conquistá-lo. Porém além dos sonhos, havia outra coisa importante para se fazer naquele evento. 

Um homem surgiu na Alemanha disse que os brancos são superiores, que são melhores e que tem o direito de exterminar toda e qualquer raça que não seja a deles. Muitos estavam morrendo a favor de uma ideia tola e se eu, um negro, perdesse aquele dia, comprovaria que realmente aqueles homens poderiam estar certos. Eu já tinha me acostumado a sofrer o preconceito, de ser chamado de esgoto, de marginal. Mas eu havia superado tudo isso antes. Ao contrario do que pensavam eles, eu não tinha medo.

Comecei a correr com mais força, como se quisesse morrer quando criança. Logo tudo ficou passando lentamente, e eu não ouvia mais os ruídos, nem sentia mais o vento bater no rosto, era algo extremamente poderoso e espetacular o que acontecia aos meus sentidos.

Era como se estivesse em outra dimensão.

Ao cruzar a linha de chegada, aquele homem das idéias tolas foi forçado a se retirar. E o mundo viu naquele momento, que enquanto um homem poder lutar contra a opressão, com toda a sua dignidade, o mundo não vai se calar ante a intolerância. Meu nome é James Cleveland Owens. Negro, teimoso e 5 vezes campeão olímpico.





sábado, 24 de setembro de 2011

Laços ao vento

Hoje eu acordei muito mal, tudo que eu consegui fazer foi ir ao banheiro e vomitar duas vezes.
Mas eu não estou doente, não da maneira que você está pensando, eu estou fraco na minha alma, com o coração despedaçado. Como se não me bastasse um casamento ruim ainda, perco um namoro de três anos, onde o culpado maior não seria ninguém além de mim.

Parece que assumir o erro, e dizer-se arrependido não é suficiente para alguém como você.
Na verdade não sei o que vai acontecer daqui para adiante, o que sei é que vou ter de mudar os planos no qual você estava incluída, porque sei que não quer mais participar deles. Eu vou tentar ser alguém melhor sabe,  aproveitar esse erro para aprender que pequenas coisas como um beijo,  podem separar três anos de ternura amor e carinho.

Sei que não é má pessoa, e que não me deseja mal, eu conheço você.
Você é maravilhosa, mas eu tenho de continuar, mesmo sem seu amor, porque a vida seria o que além de errar e aprender.
Peço a Deus que te abençoe...seja feliz, desejo do fundo do meu coração.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Despertar





Está é a história de Vinicius André Rosan.



Vinicius era uma criança de cinco anos alegre e comum, muito feliz, pois tinha uma família boa e estruturada.  Como qualquer criança da sua idade, brincava e se divertia como nunca. Sua imaginação não tinha limites, e seu carisma encantava a todos.



Um dia brincando em um brinquedo de um parque próximo a sua casa, em um acidente sem explicação, caiu e bateu a cabeça violentamente em uma chapa de ferro. Foi levado inconsciente imediatamente ao hospital e ao acordar, achou estranho não conseguir se levantar. Tentava mexer as pernas e não conseguia, se deu conta que não poderia andar, para desespero de seus pais e irmã.



Vários exames foram feitos e nada explicava a imobilização daquela criança, tudo que os médicos podiam dizer é que em algum lugar do cérebro de Vinicius, algo foi danificado e acabou deixando aquele menino paraplégico. Foi um golpe terrível para aquela família, mas a vida continuava, mesmo com suas tristezas. Os anos passaram e Vinicius cresceu e aprendeu a viver com sua deficiência.



A vida de um deficiente não é boa, fora a ajuda pra quase todo tipo de locomoção, tudo em si tinha uma dificuldade maior. Para ir estudar seus pais precisaram adaptar o carro para um cadeirante, e na escola e nos recintos, nada era adaptado, então além da própria deficiência, vivia com o preconceito do olhar das pessoas, dos comentários impertinentes sobre sua situação e com a timidez de talvez sempre precisar da ajuda de alguém, o que era extremamente incomodo para ele.



Embora vivesse preso a uma cadeira de rodas, conseguiu se sobressair no mundo da informática, e tinha reconhecimento na profissão. Era extremamente habilidoso em todos os programas e logo ficou conhecido e bem remunerado. Sua única desilusão era saber que um relacionamento com alguém seria complicado, e que achar a tal pessoa certa ia ser mais difícil para ele, do que talvez para as outras pessoas.



Os anos passavam, e Vinicius vivia sua vida. Aprendera a aceitar seu destino. Não era feliz, mas tentava ser. Um dia, talvez fosse feliz permanentemente, sem ter a ilusão de voltar a andar. Não podia se iludir, pois  a vida é dura com quem se ilude, e não poderia esperar por milagres.



Visitara a irmã Mariana, que se divorciou e morava sozinha em um novo bairro.  Como ela não conseguia se aproximar tão rápido dos novos vizinhos chamou Vinicius para que passasse uns dias com ela. Divertiam-se e falavam sobre as possibilidades. Era ótimo estar com a irmã e jogar conversa fora, pois seu apartamento era muito triste, e ter a oportunidade de estar com ela o deixava feliz, pois ela viajava muito para o exterior.



Mas em uma noite de outono, enquanto conversavam, ouviu um barulho estranho na cozinha. Sua irmã se levantou e foi ver. Surpreendida foi imobilizada por um bandido, que invadiu a casa naquele momento, e ao ver a garota, logo a amordaçou.



 Em seguida foi à sala e viu Vinicius, que tentou gritar para chamar os vizinhos, mas foi silenciado com um soco, que o arrancou de sua cadeira o jogando bem distante. Era um momento desesperador, pois Vinicius viu o bandido se dirigir a irmã, e suas intenções eram explicitas:

 Ele não queria roubar.... ele iria estuprá-la.



De longe conseguiu se arrastar até a cozinha, gritava pedindo para que aquele homem parasse com aquilo, disse que daria todo o dinheiro que tinha que faria tudo que ele quisesse, mas que deixasse sua irmã em paz.



Mas aquele homem carregava a morbidez de um doente mental, que só conseguia enxergar um corpo feminino e seu prazer. Seu desejo insano o dominava, e assim, não pararia até se satisfazer, nem que tivesse de matar as vitimas após o seu ato.

Olhou para Vinicius e riu.

 Como todos os garotos da quinta série, como todas as meninas do curso de violão, como todas as pessoas que passavam por sua vida e diziam :

“Você é incapaz de fazer algo neste momento”.



Então sentiu que todas as células de seu corpo começaram a se agitar. Começou a transpirar sem medida, e em um momento de desespero puro, sentiu uma dor na parte inferior da coluna. Ao olhar para seus pés, notou seu dedão flexionado.

Então uma fé sem explicação se apossou de seu ser, e pensou que se o dedo mexeu talvez suas pernas também mexessem.



Tentaria se levantar.



 Os gritos de sua irmã o faziam olhar para o homem tentando rasgar suas roupas, e aquilo ativou algo.... ele iria salva-la, nem que perdesse a própria vida. Apoiou-se na parede, e flexionou também o joelho, conseguiu dar um passo, e outro, e caiu novamente. Levantou-se agora com mais velocidade, pegou uma barra de ferro na porta da sala, que a irmã usava para abrir a porta da garagem, e foi à cozinha, caminhando como um bebê que aprendia a andar se apoiando nos objetos...



O homem, que já havia tirado a calça de sua irmã, estava quase a penetrando... sabia que não teria muita chance, e que aquele golpe que daria, teria de ser com toda a força de seu corpo.

 Lembrou da força que tinha nos braços, adquirida dos anos em que empurrava uma cadeira, e sabia que existia uma chance.



 Sem hesitar...... atacou aquele homem.



Jogou-se em cima do meliante, que ao se virar assustado, tomou um golpe impactante no crânio. Parte da sua cabeça estava amassada, e eles podiam ver.  Mariana conseguiu se desvencilhar, mas o homem ainda tentava se levantar, então Vinicius em um golpe derradeiro, espalhou sangue pela parede da cozinha.

O individuo desta vez não mais levantaria.



A polícia chegou após um telefonema de Mariana, e depois todos os canais de mídia da cidade.
Vinicius conseguiu com fisioterapia,  voltar a andar depois daquele episódio, e não foi considerado culpado de homicídio.

Em julgamento considerou-se que estava em um caso de legitima defesa, e invasão de propriedade do infrator, assim foi absolvido de todas as acusações.



Agora sua vida seria diferente, existia expectativa, e pensava nos desígnios de Deus.

Foi a uma instituição de caridade e doou sua cadeira, olhou para todas aquelas crianças e contou sua história, enchendo a todas de esperânça em seus corações. Apesar da felicidade de não ser mais um deficiente, conseguia entender a tristeza por detrás daqueles olhos. Em silencio, pediu a Deus por todos.



Ontem comprou uma bicicleta... achava engraçado agora andar em um objeto de duas rodas em que usasse as pernas e não as mãos....seguiu rindo...até o fim de semana, compraria um skate.



Pensando bem... melhor deixar para lá o skate..
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Até hoje os médicos não conseguiram explicar que poderoso efeito, teve a adrenalina nos mecanismos nervosos de Vinicius. Uma outra bateria de exames foi feita e nada se constatou de diferente. Em horas extremas, dizem que o corpo humano adquire velocidade, força, equilibrio acima das médias convencionais.

 Oque é a fé, e que tipo de coisa pode se fazer para quem tem fé absoluta ?

  A resposta ?

   Milagres !



domingo, 11 de setembro de 2011

O combate da alvorada


Era o ano 300 de nosso senhor, sendo a segunda campanha que fazíamos para salvar Jerusalém das mãos dos impuros. Éramos em 1500 homens, sendo 500 cavaleiros, e mil soldados de infantaria e carregadores de provisão.

O ataque de madrugada a nosso acampamento, mostra da covardia e astúcia por parte dos mouros, mesmo assim, não nos deixamos abater e prosseguimos em combate, onde foi o espanto de nossos inimigos, ao notar que ao contrario de seus prováveis planos, sobrevivemos em número e coragem. Porém, com a chegada da segunda tropa dos incrédulos de Cristo, também fomos abatidos em quantidade maior. 

Ao final da noite sobreviveram apenas dois homens, cada um de sua respectiva fé, eu cristão e meu oponente a alguns metros. 

O sol começava a despontar, e nos olhávamos de longe. Todas as minhas lembranças do passado começaram por passar a minha mente, desde meu jovem treinamento com um dos melhores espadachins do rei da Bretanha, até a despedida da duquesa de Hornia. Pensava em todos os erros, em tudo que poderia ter feito, começando por dizer que a amava, e que atrás da minha indiferença, havia apenas um amor tão forte como o juízo final. 

Meu inimigo me fitava de longe e na sua mão uma espada diferente das dos demais guerreiros de seu clã, que como eu, deve ter sido treinado diferenciadamente em artes de esgrima, pois do contrario não estaria em minha companhia, neste bosque, neste momento. 

Sei que um homem de guerra não sobrevive apenas de esgrima, sendo assim compilei em meus pensamentos que seu senso de honra deveria ser apurado. Este homem deve ter a perspicácia de uma cobra, e a humildade de um pombo. E se este homem é meu único oponente entre um exercito de mil homens, ele merece meu respeito.

Seguro com firmeza a espada, e meu oponente ao ver tal movimento, também cerra seu punho.
Olhava-me de modo diferente, era se como eu me visse por seus olhos. Assim sendo, acredito que também me admirava e me respeitava por ser seu único rival. E apesar de culturas, de mundos e de experiências tão divergentes, ali estavam dois irmãos de alma, habilidade e honra.

Ao correr em sua direção, em movimentos rápidos e calculados, tocamos nossas espadas com violência e rigidez. Nos debatíamos, e nos feriamos igualmente, como se lutássemos contra nós mesmos em um espelho de reflexos vivos. Era para isso que nascemos, era para isso que treinamos, para encontrar na força do semelhante, a honra de merecer o bom combate.

Ambos caímos, e em um tempo de reflexão, novamente nos olhamos.
Havia muito sangue em suas vestes, que aparecia por demais mostrando seu ferimento, o que para um cavaleiro bem treinado, se mostra vantagem. Em mim havia também tal ferimento na região do peito, mas o peitoral de armadura me escondia, e assim havia a ilusão da vantagem sobre meu inimigo.

Nessa hora me levantei e tirei meu peitoral. E ele pode notar o ferimento em meu peito.

De que vale uma vitoria sobre um inimigo formidável, sem a honra de dizer que lutamos de igual para igual, porque era exatamente o que éramos ali, Iguais. Em um gesto nobre, ele me cumprimentou a distancia, com uma reverência característica de seu povo, e eu o saudei com a cabeça em um leve movimento, e assim voltamos a empunhar nossas espadas, sem esquecer quem éramos e porque estávamos ali.

Caminho agora em direção deste homem, e ele também vem em minha direção. 
Nos nossos olhos não há nem medo nem desilusão, ambos entendíamos que a força do tempo limparia todo aquele sangue, e que talvez em outro mundo, eu pedisse ao senhor por aquele guerreiro, e ele pediria a Allah por mim, e que na plena misericórdia de ambos, aquele duelo sagrado das montanhas, ficasse registrado nas areias do tempo, para sempre, nem que fosse somente aos nossos corações.

 Eis que estamos no ano 300 de nosso senhor Jesus Cristo, e que ele nos conceda a vitória, dentro de sua permissão, na conquista de nossa querida e amada Jerusalém, assim vós despeço, amém.





segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Eu vou tentar



Já faz algum tempo em que sai de casa cedo, sem saber se eu ia Voltar. Eu caminhava entre os carros, estava decidido a deixar a vida me levar, queria ser feliz, longe de tudo aquilo.

E mesmo que eu seguisse um caminho diferente, que me aproximasse de mim mesmo, e me afastasse de você, eu ia tentar.

Eu sigo o meu caminho sozinho, não tiramos muitas fotos juntos, mas para cada lembrança uma canção eu tenho para recordar cada momento.

E sempre que eu tocar essas canções em meu violão, irei lembrar e reviver tudo de novo, e irei tocar e cantar uma dessas musicas em sua homenagem, pra você ter algo de mim.

E sempre que você estiver sozinha em uma tarde de domingo, lembre-se de sorrir, do que foi bom, lembre-se: eu vou tentar, eu vou tentar.

Eu vou tentar fazer você feliz, nem que seja pela ultima vez.
Fazer você sentir tudo como na primeira vez, mas não por mim, e sim por outro alguém, um novo amor.


Hoje eu saio cedo,  sem saber se vou voltar......já se faz mais de um ano em que eu caminhava entre os carros , sem saber se eu ia voltar, decidido em deixar a vida me levar, querendo ser feliz.

E hoje eu me pergunto, se quando eu dizia que ia tentar fazer você fazer você feliz nem que fosse pela ultima vez, e me pergunto, realmente consegui?






Um texto de Junior ribas colaborador deste blog
            http://atordoadojr.blogspot.com/   - visitem !

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Cativeiro



Não esqueço nada. Insistência de tempo querendo ficar. Tudo na memória. Bonança, tempestades, alegrias e saudades. Acreditava que guardava, mas eles é que me guardam como presa inusitada, querendo o cativeiro, um baú onde apenas suas mãos no meu rosto me salvam da realidade.


Do blog da minha amiga Yasmine Lemos
http://yasminelemosrn.blogspot.com/


Até a próxima postagem

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Minha primeira publicação

Hoje recebi pelo correio uma surpresa muito agradavél, o livro "Noturno" que era uma compilação de contos de blogs que participaram do XX concurso de contos literários da Editora AG, onde fui um dos premiados com o conto" Pedro".

Apesar de ser um conto entre tantos, sempre foi um sonho para mim escrever e ver algo publicado, confesso que quando vi o mesmo fiquei muito emocionado, pois para mim é uma conquista, e devo isso as pessoas que dedicam algum tempo da sua vida para ler o que posto aqui de vez em quando. Então eu queria dizer mais uma vez aos leitores do blog...obrigado. Devo isso a vocês meus amigos.

Depois de um período complicado....uma boa noticia !

Abraço a todos !



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O miseravél Ser Humano

Foi um dia complicado, a dor de garganta atingiu níveis complicados onde até engolir alimentos era difícil. Sai do emprego mais cedo e fui ao médico, mas isso é ruim considerando que fui promovido a pouco tempo,e sair direto trazendo atestado não fica bem para o supervisor de uma equipe, talvez a melhor da rede onde trabalho. Sem falar de um texto que teria de ler hoje na faculdade. Tudo confirmava a zica dos últimos 4 meses,  com complicações no rim e outras coisas, que deram negativamente errado, como a parte do tratamento dos meus dentes, que descobri que ficou mais cara devido a um desvio da minha mandíbula.

Cheguei no pronto socorro e o atendimento demorava, é notório ver que o atendimento dos convénios não está mais suportando a estrutura da demanda dos doentes,e o paciente geralmente é o mais afetado no processo de adaptação da classe c para os convénios médicos. Comecei a pensar na vida, na onda de azar, em tudo que deu errado nesses últimos meses e esbravejei olhando com uma certa irritação para cima,  não para o Deus que todo mundo acredita, mas aquele Deus que comecei a enxergar ao longo da minha vida, que nunca me deixava na mão, mas que nos últimos meses tinha me colocado na reserva, em um dia de chuva.

Foi quando ela passou, seus olhos estavam carregados de lágrimas, seu rosto mostrava um pesar imedivél, havia nela um lamento que  tocava a nossos ouvidos de forma diferente, e constatei imediatamente que aquela pessoa tinha acabado de perder um ente querido.

Então minha garganta, meu rim, meu tratamento, meu medo de perder a promoção e  o trabalho da facul, tudo isso ficou para trás,  somente vendo o sofrimento daquela mulher. Pensei em como esbravejo por coisas sem sentido,e logo me desculpei com o paizão lá em cima. Pedi a Deus também que a confortasse, não importando se eu conhecia aquela mulher ou não. Assim segui aquele dia, que começou com ira e confusão, mas terminou de certo modo triste e reflexivo.

Infelizmente nem todo dia termina bem...


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Swordplay Brasil




Depois que sai da suspeita de cirurgia, a primeira coisa que fiz foi me preparar para a Batalha no parque Villa Lobos que reuniria varios clãs de São Paulo, litoral e interior. Foi um marco na historia do evento, pois ultrapassamos o numero de participantes que esperavamos. Para quem tem curiosidade sobre o que é o mundo do swordplay e suas batalhas existe um pequeno video que mostra o evento.

E embora eu diga que vão se divertir vendo o video, nada se compara a estar lá !

Abraço a todos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Obrigado pela força queridos !

Sabado fiquei sabendo que meu rim direito estava obstruido por uma pedrinha, para mim foi uma surpresa pois no começo do ano tinha feito uma microcirurgia para retirada deste cauculo que atrapalhava a passagem de urina até a bexiga e fazia um refluxo,o que era prejudicial para meus rins. Fui internado novamente e depois de alguns exames outra surpresa, o cauculo era fragmentado e tinha só uma parte pequena obstruindo o rim, assim com o tratamento adequado, meu médico me dispensou de uma cirurgia e não vou precisar passar pelo pós operatório que é uma coisa horrivél.

Sendo assim estou de volta, para agradecer a Deus e os carinhos e mensagens de meus amigos queridos !
Obrigado a todos !

Zero quilometro a todo vapor !

terça-feira, 26 de julho de 2011

Recesso

Aviso meus amigos que estarei em recesso de 18 dias...devido a um probleminha no rim direito talves eu tenha que fazer uma pequena cirurgia, então não poderei responder a recados e nem postagens !


Fica assim um abraço , me desejem sorte !

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre o dia em que cheguei ao mundo




Gostaria de agradecer aos carinhos de todos os amigos, e principalmente a minha namorada Ana, que me surpreende a cada dia que passa....depois dos 29 anos, nem queremos lembrar de aniversarios,  mas hoje estou feliz que alguns tenham lembrado. Quero dizer que cada dia que passa, não tenho tantas necessidades, mas a mais importante é valorizar as pessoas que sempre estão e sempre estarão ao meu lado.

Obrigado !

terça-feira, 19 de julho de 2011

Etiqueta de preço



Mantenha o preço
Ou  pegue o dinheiro de volta
Só me dê seis risos e meia pilha
E você pode ficar com os carros

Apenas deixe a garagem
E tudo que  eu preciso são chaves e guitarras
E adivinhe? Em 30 segundos estou indo pra Marte
Sim, nós estamos atravessando essas pendências infindáveis
É assim, cara, você não pode por um preço na vida
Nós fazemos isso por amor, então nós lutamos e nos sacrificamos toda noite

Então, nós nunca vamos tropeçar e cair
Esperando pra ver um sinal de derrota 
Então, nós vamos manter todos mexendo os pés
E traremos de volta a batida que todos cantam

não pense tanto...
Não é sobre você...isso não é sobre você !

terça-feira, 12 de julho de 2011

Todos moramos no B612

Hoje tive alguns problemas pessoais que remeteram a grandes reflexôes...peguei um exemplar do pequeno principe do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Me foquei em um dialogo com a raposa, personagem do livro, que me fez pensar. Gostaria de dividir...

– Que quer dizer cativar? - disse o pequeno principe
– Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam.
É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
Não – disse o príncipe. – Eu procuro amigos. Oque quer dizer “cativar”?
– É algo quase sempre esquecido – disse a raposa.
Significa "criar laços"...
– Criar laços?
– Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
– Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também.


Meu Deus...moramos todos no B612 !

domingo, 3 de julho de 2011

Aniversário do Crônicas !





Em julho do ano passado, exatamente no dia 3, um professor falava para os alunos de comunicação social, a importância das redes sociais e dos blogs na atividade profissional dos publicitários atuais, e disse que um profissional que não usasse essas ferramentas seria obsoleto no  novo mercado de mídias, que esta cada dia mais exigente.
Então no dia 04//07/2010 eu comecei  montar o crônicas.
 
No começo é meio complicado, não se tem nem seguidores e nem leitores, a divulgação é concorrida, e existe a necessidade de se transmitir conteúdo inteligente e interessante. Devagar fui aprendendo com meus amigos a montar um blog razoável, que pudesse ser a imagem do dono, esse foi sempre meu intuito, e em maior parte graças a eles, este blog existe.

Se existem pessoas que eu tenho de agradecer são meus amigos da blogosfera.
De divulgação em divulgação em um ano conseguimos 420 seguidores, 15.130 visualizações, duas menções em revistas e uma matéria no Destak, fruto da indicação desses amigos, que hoje tenho como parte fundamental nas conquistas. Na verdade esses dados não são coisas escandalosas, eu diria que meu blog, é um blog normal e quem manja sabe que é real, mas para mim se uma pessoa lê o que escrevo isso em parte já é um reconhecimento. Talvez em Agosto, a maior das conquistas venha definitivamente, com uma surpresa, que todos em breve terão conhecimento.

Sendo assim, resolvi homenagear meus amigos de forma diferente. No decorrer do ano, recebi uma boa quantidade de selos de blogs, dados pelos companheiros de blogosfera, mas quem acompanha o Crônicas, sabe que eu não sigo a risca a recomendação dos selos. Para mim um presente é um presente, não se dá um presente a alguém e diz: Olha agora você faz isso e isso com o que te dei “Sendo assim aceitei o presente de bom coração, mas só agora, resolvi distribuir alguns desses selos, para blogs que acho de um reconhecimento eminente, e para blogs que considero “revelação do ano”.
 Como podem ver, eles estão no decorrer da pagina, e os indicados só terão o trabalho de copiar e colar. Quanto a recomendaçoes, sigam as regras de seus corações, para entregarem a aqueles que na opinião de vocês venham a merecer.

Os indicados que receberão os  Selos : Selo Blogs literarios- Selo blog cultural  - Best blog Award -Selo super blog  e Prêmio Dardos são :


Novas estações – Wanderley Elyan
Francorebel – Francorebel (apesar dele não curtir selos tanto assim)

Assim peço a amigos que já tenham alguns selos que ignorem, mas que recebam os outros com todo o carinho. Encerro aqui agradecendo a todos pelo apoio dado ao Crônicas, estou feliz que sejam companheiros de blogosfera e que nesse nosso longo caminho escrevendo, continuemos a trilhar essa agradável amizade, saudável, sincera e feliz!

Abraços a todos!

domingo, 26 de junho de 2011

Nunca largue do guidão !


Eram cinco, andavam a mais ou menos entre 40 e 50 km por hora, suas bicicletas voavam sentido ao conjunto dos metalúrgicos, onde uma locadora de vídeos alugava uma mesa com um videogame, por hora.  A maioria era pobre demais para ter seu próprio videogame.  Jogavam Street Fighter e Mortal Kombat até enjoar, e depois seguiam sentido rodoanel, para uma ladeira no bairro da Granja Viana, antes do km 21 da Raposo Tavares que era conhecida como “Vai pro céu”.

Na parte de cima da ladeira, paravam antes de descer. Olhar para baixo e sentir um frio na barriga era comum, porém nada parecia assustar aquelas crianças, que desciam rente aos carros, agora em uma velocidade descomunal.  A única diferença é que, diferente de outros ciclistas, largavam o guidão, com exceção de um, esse, sempre considerado o mais medroso da turma.

Se ninguém caia, um prêmio para todos, uma tubaína, rachada dos trocados que conseguiam arrumar vendendo garrafas dos vizinhos para o homem da reciclagem.  Antes de ir embora uma parada ao por do sol do barranco, onde ninguém ousava falar. Eram felizes naquele momento, naquele universo resumido e cheio de uma beleza simples, de valor inestimável.

O tempo passou, e a galera das bikes começou a dispersar. Um se envolveu com o crime organizado, começou a roubar carros e vender drogas.  Ainda conversava com o resto da galera, que tentava convencê-lo a parar, o que era inútil... com o tempo sua identidade se perdeu e mal se lembrava que um dia foi da turma. Morreu em um tiroteio com policiais, fugindo de uma loja de jóias.

Um segundo mudou-se para o litoral de São Paulo, montou um negócio de roupas de surf e começou a ganhar muito dinheiro. Sua marca cresceu e chegou até a pensar na possibilidade de exportar, mas com a pirataria, começou a perder clientes, não conseguiu pagar suas dívidas e faliu. Quando sua mulher o deixou, ficou com problemas psicológicos e desapareceu.
Um dia, após muita procura um dos amigos da turma, junto com alguns familiares o encontraram em um hospício no interior de São Paulo. Estava irreconhecível, e segundo os médicos, seria muito difícil voltar a ser á pessoa que era.

O terceiro continuou na vila, trabalhava de segunda a domingo, arrumou uma namorada aos 17 e teve dois filhos. Com as dificuldades, teve de largar a escola pra se dedicar ao trabalho e com o tempo, e mais um descuido, veio o terceiro filho.  Alguns vizinhos diziam que era infeliz, que tinha uma mulher que não ajudava muito, que não conseguia juntar dinheiro suficiente porque pagava aluguel, e se queixava da vida constantemente.  Não se importava em rever velhos amigos, e acabou no esquecimento. Que fique claro que não era má pessoa, mas tornou- se azedo, por não pensar em uma vida em longo prazo, coisa muito comum de se acontecer hoje em dia. De vez em quando via um amigo dos tempos de bike, acenava e continuava andando. Era como se um daqueles garotos nunca tivesse existido, e no fim não existia mais mesmo.

O quarto, que era o líder da turma, mudou-se para um bairro vizinho e virou policial militar. Apesar de ter um salário relativamente bom, vivia com medo e nunca dizia aos outros qual era sua profissão, pois tinha receio das retaliações dos bandidos. Com o tempo a neurose aumentava, e tinha de mudar de casa a cada dois anos para se sentir seguro. Tentou engravidar a esposa e descobriu-se estéril. Apesar das intempéries acabou adotando um garoto de rua, que tinha como filho. Um dia um dos amigos tentou contato e não conseguiu, disseram que ele pedira transferência para outro estado, assim ficando cada vez mais longe e inacessível.

E chegamos finalmente ao medroso... aquele que não largava o guidão.

Esse terminou o segundo grau e fez um curso de radiologia, casou, mas quando percebeu o erro remediou e separou-se ainda sem filhos. Trabalhava e estudava a maior parte do tempo, viajou para quase todos os estados do Brasil, ia a todos os shows de rock que podia ir e curtia a vida como se fosse sempre o ultimo dia. Voltou a fazer faculdade, dessa vez a que queria, e conheceu muitas pessoas. Tinha um trabalho estável, e estava sempre sorrindo. Podemos dizer que de todos os da turma da bike, era o mais feliz.

 Hoje esse cara saiu de casa de bicicleta, e meio desajeitado, riu de si mesmo por não praticar aquilo há tanto tempo.  Andou por vários lugares, passou o barranco do por do sol, e finalmente chegou à ladeira do “Vai pro céu”. Olhou para baixo e sentiu o velho frio na barriga.  Apesar de ter crescido, ainda sentia o medo de descer, mas sem pensar muito, desceu sem as mãos, e como sempre no meio do caminho agarrava o guidão, descendo com ele apertado, como se fosse a ultima coisa que pegasse na vida.

  Enquanto descia e sentia o vento bater no rosto, pensava sobre o guidão... aquela parte da  bicicleta  era como um reflexo de sua vida, e todo mundo que descia sem a segurança do guidão, como seus amigos faziam,  acabava se dando mal. Ficou feliz  ao invés de chateado, como ficava quando os amigos o chamavam de covarde, pois dessa vez ele entendeu, que na maioria das vezes , na vida não se deve largar o guidão.

 Não se deve deixar a vida solta como se fosse uma bicicleta sem direção.  Todo passo deve ser pensado e medido, para que no futuro, haja felicidade. Ficou triste pelos amigos, queria que aquela realidade fosse diferente, mas sabia que a vida não era conto de fadas.
Parou no bar que ainda existia e tomou uma tubaína... montou na bike e seguiu em frente, com as duas mãos no guidão. No seu pensamento se achava preparado para qualquer tipo ladeira que aparecesse.

E realmente estava !

Para Ney, Marcio, Alemão e Rosana – Para sempre em nossos corações!

Um  texto  de  Victor  Von  Serran

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Enfim férias !

Todo mundo sabe o quanto é dificil trabalhar e estudar, e quem acompanha o blog, sabe que tenho escrito sobre superação em quase tudo que posto, porque é assim que me sinto, como se tivesse de matar um leão por dia.
A falta de tempo para dormir tem sido uma coisa horrivél na minha vida, nunca senti tanto sono como venho sentindo ultimamente, pois dormir quatro horas e meia por dia para uma pessoa que dormia pelo menos sete horinhas cravadas, é doído gente.
Mas enfim, graças Deus não peguei nenhuma D.P, e agora de férias, tirando uma viagem que pretendo fazer, vou ter tempo para blogar e reencontrar meus parceiros da blogosfera, que acabo demorando a responder, deixando assim um vácuo, que pretendo diminuir. Queria dizer que senti falta de todos, e que se eu ganhasse dinheiro suficiente blogando, pedia as minhas contas e ficava só aqui.

Prometo responder a todas as postagens...abraço a todos !

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Montanha russa

Uma das piores sensações de uma montanha russa, não é ela em si, mas sim o tempo no qual você passa esperando na fila, ainda mais quando é a sua primeira vez.

Só em olhar para aquela estrutura fantástica e extremamente alta, você logo sente aquele frio na barriga, um embrulho no estomago que muitos dizem que está sensação é como ter “borboletas no estomago”, e o que te dá coragem para entrar na fila é a sua beleza, que te atrai e te faz pensar que a emoção será melhor que o medo de enfrentá-la.

Quando você finalmente entra na fila, não tem mais volta, aqueles pré-sentimentos se multiplicam e mais outros são somados, as “borboletas no estomago” aumentam de volume, suas pernas ficam bambas, suas mãos ficam ligeiramente suadas, juntamente com o restante do seu corpo e você sente uma ligeira fraqueza.

A cada vez que os trens desabam pelos trilhos, fazem o chão tremer, e você sente o seu coração desabar assim como o trem, e suas pernas parecem piorar com o tremor no chão.

E então metade da fila percorrida, você se pergunta: “O que eu estou fazendo aqui? Você tenta rir pra disfarçar o nervosismo, mas parece inevitável, mas você acaba rindo de si mesmo por conta da situação.

Mas você segue em frente, pois como disse anteriormente, não tem mais volta, e se você desistir as pessoas irão passar a sua frente, e você não irá descobrir qual seria a emoção de descer em alta velocidade por aqueles trilhos enormes em alta velocidade, não saberá se vai ser bom ou ruim e você pode perder essa grande oportunidade de descobrir.

Finalmente chega a sua vez, desistir não é mais nem uma opção, você sabe o que tem que fazer, mas não quer fazer, por medo, insegurança, mas você está tão emocionalmente abalado, que você age por impulso e não por si mesmo, e embarca no trem sem pensar 2 vezes.

O trem começa a sua subida, a vista La de cima é maravilhosa, e isso até te faz ficar mais calmo, quando o trem começa a descer o seu primeiro impulso é se segurar, mas quando o vendo começa a bater em seu rosto e a velocidade aumenta, você se sente livre, joga os braços pra cima pra aumentar a adrenalina e a sensação de liberdade.

Em questões de segundos, praticamente, o percurso do trem acaba e você nem se lembra mais de todos aqueles sentimentos que antecederam a sua chegada até ali, a adrenalina ainda corre pelo seu sangue, você dá gargalhadas sem mesmo saber o porque, e bate aquela vontade de fazer tudo de novo, por Amor, por prazer de sentir na pele todas aquelas emoções novamente, pois isso é viver, se arriscar, mesmo com a incerteza do que se vai encontrar..........



.......E foi assim que me senti quando disse a ela tudo que eu sentia, me senti como se tivesse acabado de sair de uma Montanha Russa.




Um texto de Junior Ribas, colaborador e blogueiro de primeira !

domingo, 5 de junho de 2011

Superação



Por todo cansaço, todas as horas de sono perdidas
Por todos os kilometros  de pedras que tenho andado
Por não ter tempo de dizer que vivi com prazer uma vida


Por todos os grandes amigos, que não chegaram lá
Pelos dias de gripe em que tive de trabalhar
Pelo sagrado direito que tenho de reivindicar
Por vontade de dizer ao mundo, e ter de calar


Por  todos os dias amargos de frio e de solidão
Por todas as brigas bobas,  que ganhei e perdi
Pelas horas de pé em que fiquei na estação
Por tudo que era raro e belo... e não vi


Por todas as tristezas, por todos os desaforos
Por tudo que não tenho e  sei que mereço
Por toda dor do caminho, por todo o esforço
Eu sei que sou caro, todo dia eu pago esse preço


Por todos os minutos, horas,dias e meses
Por tudo que somos forçados a engolir,
Por todos os maus tratos as humilhações
Por todos os pais...por todas as mães


Por tudo nesta terra que não tem explicação
Por tudo neste mundo que não é razão...
Todos juntos unidos em uma só voz
Sim todos juntos...

Todos nós


Estou junto vibrando com sua emoção
Sou a força que move o seu coração
Talves um dia você esqueça meu nome
Mas vou te lembrar

Sou superação!




De:   Victor Von Serran